Cabelos
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou e ninguém mais posta nessa merda. Vou falar então das duas personas que habitam nossa residência: Alexandra e Gandra. E que são completamente opostos.
Pra começar, uma é preta e o outro é branco. Quero dizer, não é preto, preto, mas assim, um marrom bombom, último tom de moreno. E não é branco, branco transparente, é um branco paulista, cor de mesa de escritório.
Alexandra tá sempre viajando. Viaja a semana inteira. Só chega e sai carregando mala. Parece uma muambeira. Não demora muito, baixa a PF lá em casa e manda todo mundo em cana. Ainda mais se virem o arsenal eletrônico que o Gandra tem (de home theater a volante da Microsoft pra jogar videogame). O Gandra tirou férias e foi surfar... na internet. Não viajou nem pra Embu das Artes, quanto mais pra Buenos Aires, que chegou a ser cogitado com entusiasmo!
Mas, não abriu a munheca. Está guardando pra comprar um caixão último tipo, com um cofre instalado, onde ele fica com uma senha e Deus fica com a outra, e só abre na presença dos Dois. Tomara que ele não vá pro inferno...
Alexandra é desprendida de bens materiais. Gasta tudo que tem. Gasta também o que não tem. Passa o cartão de crédito, olha a conta corrente, ainda tem dinheiro?, passa o cartão de novo. E assim vai, levando a vida, feliz e contente, no vermelho.
Alexandra quer fazer seguro de residência, pra poder deixar a porta aberta e não carregar chaves. Assim, não precisa preocupar se alguém roubar tudo. É pra ela se sentir no interior de Minasss, onde os ôtro chegava e já ia entranu sem bater e já comendo pão de quêju.
Gandra gira 2 vezes e meia a chave, até o final, que é pra ficar tudo bem trancadinho.
De quase comum mesmo, só o cabelo. Em um é ruim de crescer, na outra cresce mas é ruim.